domingo, 29 de janeiro de 2012
O Mistério De Abydos
Abydos era uma das mais importantes cidades do Antigo Egito, situada a 11 quilômetros a oeste do Rio Nilo, na latitude 26º 10′ N, na região do Alto Egito. Seu nome original é Abdju, sendo esta a referência encontrada nos próprios sítios arqueológicos locais. Foram os gregos que mais tarde denominaram o local como Abydos, nome pelo qual é conhecido atualmente.
Esta região começou a ser utilizada a partir de 3 mil anos antes de Cristo, com a fundação de vários templos e túmulos de Faraós da 1ª Dinastia. Posteriormente outros templos foram construídos no local, sendo os mais importantes o Grande Templo de Osiris, o Templo de Seti I e o Templo de Ramsses II. Também destaca-se a Tumba de Umm el-Qa’ab, que era uma necrópole da realeza egípcia, onde vários faraós foram sepultados. A região continuou sendo utilizada até a 30ª Dinastia, por volta de 380 d. C.
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Mapa da região de Abydos [Clique para ampliar]
Segredos milenares
A região de Abydos é famosa por um conjunto de imagens existente no Templo de Seti I, que segundo interpretações de alguns esotéricos e ufólogos, seriam representações claras de artefatos tecnológicos atuais que não estavam disponíveis na época em que foram ali desenhados. Em sua maioria, os artigos referentes à este polêmico conjunto vêem ilustrados por esta imagem:
As Figuras do Templo de Abydos, usualmente encontrados em livros, revistas, documentários e sites sobre Ufoarqueologia
Nela, observa-se claramente a existência de um desenho que lembra um helicóptero de guerra Apache. Um outro desenho lembra um avião estilizado, e um terceiro lembra um tanque de guerra, ou submarino. Segundo alguns estudiosos, esta imagem seria a prova de que os antigos egípcios teriam tido acesso à algum tipo de alta tecnologia, de origem extraterrestre, que entre outras coisas teria possibilitado a construção das pirâmides, além de alguns outros grandes feitos, difíceis ou impossíveis para a época.
Detalhe da figura identificada como “O Helicótero” e uma comparação com o helicóptero de guerra americano Apache
Para alguns pesquisadores mais afoitos, esta seria uma prova a favor da Teoria dos Deuses Astronautas que diz que os deuses do passado seriam na verdade ufonautas que teriam auxiliado a raça humana ao longo de sua evolução. Alguns pesquisadores vão mais além afirmando que a própria Humanidade teria sido plantada neste planeta por seres extraterrestres.
Independente de esta teoria ser válida ou não, desenvolvemos nossa investigação apenas no polêmico conjunto de imagens de Abydos. Segundo alguns pesquisadores, estas imagens seriam originadas a partir de um processo de sobreposição de hieróglifos, num processo chamado Palimpsesto. Esta hipótese circula em meios acadêmicos como sendo a explicação para a origem destas imagens, embora não exista um estudo completo e específico disponível a respeito confirmando ou descartando definitivamente esta possibilidade.
Análises iniciais
A priori, têm-se a impressão que a imagem está bem focalizada e que os desenhos estão impressos em alto relevo, ou seja, que as imagens sobressaem-se da parede em alguns milímetros. Para que uma análise adequada pudesse ser realizada foi necessário buscar imagens de melhor qualidade do referido local, bem como informações que nos auxiliassem em um estudo aprofundado da figura. Para isso recorremos à sites especializados em Egiptologia e em fotografias, geralmente obtidas por turistas e fotógrafos amadores não ligados à área ufológica. Isso permitiu-nos encontrar imagens com outros ângulos, com e sem uso de flash, e em variadas resoluções, não só da imagem de Abydos, como também de outros hieróglifos que pudemos usar como comparação.
Para entender melhor as informações que serão apresentadas logo adiante precisamos entender alguns aspectos sobre a história e a cultura do Antigo Egito. Talvez a mais essencial destas informações seja relativo à conhecimentos sobre as várias formas de escrita utilizadas ao longo de sua história. A mais conhecida destas escritas é a Hieroglífica, a escrita simbológica sagrada, quase sempre restrita à sacerdotes, escribas e membros da realeza egípcia. Além da Hieroglífica, havia a escrita Hierática, utilizada pelos escribas na confecção de papiros. Esta era uma forma simplificada dos hieróglifos geralmente utilizada nos registros administrativos em rolos de papiro. Havia também o Copta, que na verdade foi uma das primeiras linguagens utilizadas popularmente pelo povo em seu dia a dia. Mais tarde, por volta de 600 a. C., a linguagem demótica, que era uma forma idiomática ainda mais simplificada, tornou-se a mais popular.
Outra informação importante que devemos ter em mente antes de prosseguir é a forma de registro adotado pelos egípcios que em geral era em alto relevo ou através de sulcos esculpidos diretamente na parede, ou na rocha. O alto relevo é mais comum em figuras representativas, que eram utilizadas para representar cenas do dia-a-dia, rituais, imagens de deuses, guerras, acontecimentos importantes, etc. Já a escrita hieroglífica era mais comum ser representada através de sulcos em paredes de templos, obeliscos e monumentos.
Em geral, seres vivos eram representados, tanto em hieróglifos quanto em figuras representativas, de lado ou em perfil, sendo esse o padrão encontrado em todo o Antigo Egito. No caso da imagem de Abydos, a imagem foi criada em sulcos, sendo este o primeiro indício de que a figura seja realmente formada por hieróglifos, ao invés de uma figura representativa ou profética.
Composição da imagem
A imagem de Abydos é composta por várias figuras sendo que o que é comumente apresentado em sites e livros de Ufologia e esoterismo é apenas uma parte dela. A figura completa, que pode ser observada abaixo, apresenta um símbolo inicial à esquerda (1) que indica o nome do faraó, sendo geralmente seguido por um ou dois títulos (representado em 2). Logo em seguida, temos a parte mais polêmica. O primeiro conjunto (3) é formado pelo desenho do helicóptero, posicionado na parte superior e abaixo dele um conjunto de caracteres sem uma identificação clara. Na imagem mais famosa e difundida, percebe-se uma mancha indefinida, um pouco abaixo do helicóptero, que passa despercebida da maioria das pessoas. Devido à qualidade da imagem não é possível identificar a real natureza dessa parte do conjunto que só torna-se claro quando observado a partir de outras fotografias. Trata-se de uma ave, que se sobrepõem ao que seria o bico do hipotético helicóptero. Mais a frente comentaremos este detalhe e suas implicações neste caso. Por fim, à direta deste, temos as outras três figuras polêmicas que lembram um submarino ou tanque de guerra, um avião e um planador.
1 2 3 4
Comparações
Sendo o conjunto 1 e 2 comprovadamente formados por hieróglifos é de se esperar que o conjunto 3 e 4 também seja. Para confirmar essa possibilidade utilizamos como base a Lista de Sinais de Gardiner, que é uma forma de classificação de hieróglifos reconhecida internacionalmente. Esta listagem, que pode ser consultada no seguinte endereço: http://www.ancientegyptonline.co.uk/Gardiner-sign-list.html, cataloga 300 dos mais de 900 caracteres conhecidos. A forma de classificação é bem simples, separando-os por categorias específicas, como representações de partes corporais, animais, natureza, etc.
Em uma rápida consulta à listagem é possível identificar variados caracteres que sobrepostos poderiam reproduzir o Conjunto de Abydos. Após separar estes caracteres fizemos combinações entre eles, reproduzindo uma a uma as figuras presentes nas fotografias. A partir da listagem todas as figuras foram reproduzidas com êxito comprovando a hipótese de Palimpsesto. Apenas no caso do “helicóptero” um caractere adicional foi utilizado. Vejamos então como ocorreu estas sobreposições individualmente e posteriormente em conjunto:
O Tanque/submarino
Esta figura, uma das mais interessantes do conjunto, é associada por alguns à um tanque de guerra. Para outros representaria um submarino. No entanto, uma análise a partir de fotografias de boa qualidade, revelam detalhes não compatíveis com estes veículos: sulcos horizontais do centro para a direita da figura, como se fosse a palma de uma mão aberta. Quando consultamos a listagem de Gardiner encontramos um hieróglifo representado justamente por uma palma de mão aberta. No entanto, este caractere, identificado como D46, por Gardiner, não reproduz a totalidade da figura. A parte superior do desenho, que prolonga-se e assemelha-se à uma torre de um tanque de guerra (daí a similaridade) era produzida por algum tipo de figura composta por linhas retas e finas, curvada em um dos lados. O caractere que se enquadra nesse aspecto é identificado na listagem como Aa26 e quando sobreposto reproduziu com perfeição a polêmica imagem.
Hieróglifos que compõem esta imagem:
D46 Aa26
Figura unida
O AviãoOutra imagem bastante conhecida do conjunto é a figura do avião. Sua forma realmente lembra uma aeronave militar. A identificação dos caracteres que compõem esta figura foi um pouco mais complicada, pois desta vez não foram dois, mas três hieróglifos sobrepostos. Após uma série de combinações identificamos os caracteres D21, V31 e D36 e com eles pudemos reproduzir plenamente a figura.
Hieróglifos que compõem esta imagem:
D21 V31 D36
Figura unida
O Hieróglifo original desta figura é o D21, que foi inserido na etapa inicial da formação da figura, representado em preto. Quando houve a sobreposição de escrita, foram inseridos dois novos caracteres, o V31, e o D36 (representados em vermelho), dando o formato final à figura.
O Planador
Outra figura polêmica é o chamado Planador, embora apresente um corpo principal, um leme vertical e não exista indícios de asas. Esta figura é facilmente identificável devido à sua simplicidade. O caractere principal identificado na figura é o D44, que compõem o que seria o corpo principal da aeronave. Acima dele é perfeitamente identificável o caractere classificado pro Gardiner como I6 e dois outros caracteres parcialmente sobrepostos ao principal, posteriormente identificados como O49 e X1.
Hieróglifos que compõem esta imagem:
D44 I6 O49 X1
Figura unida
Outras figurasAs outras figuras presentes na imagem de Abydos também são geradas por palimpsesto. Abaixo do helicóptero existe um conjunto de imagens composta de pequenos retângulos na vertical, com prolongações triangulares, sem um sentido lógico. Esta figura também surgiu a partir da junção de dois tipos de caracteres específicos identificados como Z2 e N25. Confira no quadro abaixo como ocorreu essa sobreposição:
Hieróglifos que compõem esta imagem:
Figura unida
O “Helicóptero”O Helicóptero é o símbolo mais famoso do conjunto de Abydos devido à sua inquestionável semelhança com o helicóptero de guerra americano Apache. Céticos, em sua pressa na interminável luta por desmistificar todo e qualquer fato associado à Ufologia, costumam citar que existe ausência de rotor traseiro, ou seja, que um helicóptero de verdade apresentaria aquelas duas pequenas hélices no leme traseiro para dar sustentação à aeronave. Sem elas, um helicóptero apenas giraria no ar e não sairia do lugar. Não deixam de estar certos, embora não aprofundem a pesquisa buscando a verdade em relação aos fatos e apresentando os resultados, como estamos fazendo aqui.
Na investigação em torno desta figura selecionamos, a partir da lista de Gardiner, quase uma dúzia de caracteres para testes de sobreposição. Destes, três caracteres reproduziram parte da figura, restando identificar o caractere que compunha a hélice. Foi necessário uma busca geral em conjuntos de hieróglifos que não compunham a listagem de Gardiner e que se enquadrassem na figura. Nesta busca, descobrimos uma imagem, obtida no próprio templo de Abydos que confirmou nossas suspeitas e identificou o caractere desconhecido, que identificamos aqui como “caractere X”. Esta nova imagem apresenta todos os caracteres originais, impressos na primeira fase de composição da imagem. Tal conjunto é uma identificação do Faraó Seti I, usado possivelmente para identificá-lo como construtor do templo, ou como personagem de algum relato ali inscrito.
Figura semelhante ao palimpsesto de Abydos, encontrada no Templo de Seti I
Através dessa imagem foi possível identificar, não só nesta, mas em todas as outras do conjunto, todos os caracteres iniciais, impressos a mando do Faraó Seti I. De posse desta imagem e dos símbolos sobrepostos posteriormente não foi difícil encontrar uma outra identificação, desta vez do Faraó Ramssés, seu filho. Este novo conjunto de sinais indica que Seti I morreu durante a construção do templo, sendo que seu filho, Ramssés continuou a obra imprimindo sua própria marca a partir de então. A imagem de Abydos foi resultado de Palimpsesto envolvendo estes dois conjuntos, talvez para identificar o ponto onde houve a transição de um faraó para outro.
Vejamos então como ocorreu este processo que deu origem à imagem do “Helicóptero de Abydos”:
Hieróglifos que compõem esta imagem:
Caractere X X1 G45 D38
1 2 3
As figuras iniciais do conjunto são o “caractere X” e o caractere X1 (apresentados em 1). No processo de sobreposição foram inseridos os caracteres D38 e G45 (representados em 2), dando o formato final à figura (representado em 3).
Entendendo o Palimpso
O templo começou a ser edificado por volta de 1270 a.C., pelo Faraó Seti I. Com a morte de Seti, em 1279 a.C. a tarefa foi continuada por seu filho, Ramssés II, que assumiu o trono. Era um costume antigo, cada Faraó imprimir sua marca em cada obra por eles realizada. Sendo assim, no início da construção do templo, a marca de Seti foi impressa em variados lugares para identificá-lo como construtor do templo. Mais tarde, com a morte deste, Ramssés continuou a obra imprimindo sua própria marca. No quadro abaixo podemos verificar a marca de Seti I e a de Ramssés II:
Seti I Ramssés II
Foi exatamente a sobreposição de um conjunto sobre outro que deu origem às polêmicas imagens, conforme percebe-se no quadro abaixo:
Criando um Mito
Como vimos de fato existiu sobreposição de hieróglifos no conjunto de imagens de Abydos. Mas o que poderia ter influenciado na repercussão desta imagem no meio esotérico e ufológico? Existem vários fatores atuando direta ou indiretamente na repercussão da imagem.
O primeiro deles é o uso de uma imagem ligeiramente desfocada e de baixa qualidade para a divulgação da figura. Devido às características desta fotografias, detalhes importantes da figura ficaram apagados, e certos detalhes foram realçados fortalecendo a idéia de representação de um helicóptero na imagem. Compare nas imagens abaixo a diferença básica entre a imagem original (manipulada) e outra obtida aleatoriamente, à direita:
A “cabeça da ave” posiciona-se justamente sobre a ponta do “helicóptero”. Na imagem desfocada, isso causa um efeito interessante criando a imagem do aparelho. Já na imagem à direita, percebe-se claramente o prolongamento do que seria o bico do helicóptero, passando por trás da ave.
O segundo aspecto que influi na fama destas figuras é a precipitação por parte de alguns pesquisadores que primeiro a divulgaram. Aparentemente não houve uma checagem sobre a origem, natureza e história destas figuras e do local onde estão inseridas, muito menos uma tentativa de entender ou traduzir seu sentido. Apenas divulgou-se como sendo uma prova do uso de alta tecnologia nos primórdios da história humana. Ainda dentro deste aspecto, a falta de conhecimento sobre hieróglifos contribuiu para a disseminação dessa história. Ao contrário do que geralmente se pensa, a escrita hieroglífica não era apenas ideográfica, ou seja, cada símbolo representando uma idéia distinta. Na verdade a escrita era uma combinação de três características: fonogramas, ideogramas e determinativos. A primeira refere-se à símbolos que representavam um som fundamental, o chamado fonema. Nesse caso, uma determinada imagem era empregada para representar o som, ao invés de sua representação visual. Um exemplo bem comum deste tipo é a figura de uma lebre que era usada para representar o som emitido pela sua pronúncia em egípcio. A segunda característica refere-se à imagem representada pelo hieróglifo, como por exemplo o desenho de um determinado animal para representar o próprio animal. Já os determinativos eram hieróglifos usados para identificar a natureza da mensagem transmitida. Quando, por exemplo, referiam-se à violência, guerras, combates, era comum incluírem um símbolo de braço armado, representando a idéia de violência. Em alguns casos o símbolo poderia representar também alguma coisa ligada ao hieróglifo apresentado. O ideograma do Sol, por exemplo, poderia representar luz, dia, pôr-do-sol, etc. Todos os símbolos eram gerados a partir de coisas conhecidas e comuns em seu dia a dia. Helicóptero não faziam parte do cotidiano dos egípcios, caso contrário haveriam hieróglifos específicos para representá-los e haveriam incontáveis registros históricos a respeito. E como sabemos não é esse o caso.
Outro ponto fundamental que contribuiu com a disseminação das imagens é o elo comum à todos aqueles ligados à área de Ufologia, sejam eles ufólogos, testemunhas ou apenas interessados no tema, que é a esperança pela prova definitiva. A prova incontestável que confirme a realidade das visitas extraterrestres ao nosso planeta. Essa busca obsessiva por provas e fundamentações para determinadas teorias leva alguns pesquisadores a ignorarem ou omitirem certos detalhes, em seus objetos de estudo. O Caso de Abydos, por exemplo, fortalece, num primeiro momento, a Teoria do Deuses Astronautas. Quem é partidário dessa teoria, em seu contato inicial com a fotografia (manipulada), não vai buscar a veracidade da imagem. A fotografia, por seu caráter extraordinário, será logo aceita e repassada como prova histórica à favor da Teoria à qual defende.
Do lado do ufófilo, ou seja o interessado que não chega a realizar a pesquisa ufológica propriamente dita, existe a necessidade de acreditar. Isso decorre do constante assédio do meio cético, que embora não abale a certeza destes interessados os leva, indiretamente, a aceitar mais facilmente aquilo que tenha um certo respaldo científico, governamental ou social. A figura de Abydos enquadra-se bem nesse aspecto, pois ele tem o respaldo arqueológico e social comprovando que elas existem de fato mais ou menos da forma como é apresentado. Então, ao invés de checar a veracidade da figura repassa-se a informação como autêntica, fortalecendo suas convicções perante o ceticismo que o cerca.
Encarar a pesquisa ufológica com seriedade e objetividade, sem se deixar levar pelas pressões de céticos e detratores é requisito essencial para o crescimento da Ufologia. Aliado à isso, uma nova postura na busca de informações reais que fundamentem uma pesquisa, o uso de metodologias específicas, de acordo com o meio científico, e o intercâmbio de informações só tendem a melhorar a imagem da Ufologia perante a opinião pública. Agora a questão é: conseguiremos isso? Fica em aberto o debate…
FONTE : Caixa De Pandora
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Postado por
billypalmeirense
às
18:17
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